Por Antonio Magalhães*
Já se sabe que a pandemia do Coronavírus trará sérios efeitos negativos à economia do Brasil e de boa parte dos países do mundo. A Europa está sendo profundamente afetada. Os Estados Unidos sentem o terremoto financeiro provocado pela doença, mas têm condições de recuperação. A China, de onde partiu o vírus Corona, pode se dar melhor depois do surto dessa gripe com baixa letalidade e alto poder de contágio.
Há desconfiança quanto a origem do vírus. Uns afirmam que surgiu a partir de morcegos contaminados consumidos como sopa nos mercados públicos de Wuham, o marco zero do Corona. Foi a primeira cidade a ter sua população de 11 milhões de habitantes afetada pela doença, tendo, por isso, seu acesso fechado durante o surto.
Wuham é uma das cidades-modelo do Capitalismo Comunista da China. Nela, funciona um super laboratório de pesquisas biológicas, o Bio Lake. Onde estão instaladas conhecidas empresas e instituições de pesquisas biofarmacêuticas da China e do Exterior.
O complexo industrial e pesquisa tem 15 quilômetros quadrados e abriga oito das 13 mais importantes empresas farmacêuticas do mundo, entre elas a americana Pfizer, a alemã Bayer, ainda a Fresenius Kabi, a Thermo Fisher, a Honeywell e a DuPont Pioneer. E também abriga a Sanofi Pasteur, empresa francesa de vacinas, focada no mercado internacional de tecnologia inovadora e produtos biológicos.
Bio Lake de Wuhan é a aplicação do conceito chinês de “indústrias de 100 bilhões de Yuans (a moeda chinesa)” ou 14,3 bilhões de dólares. Aqui, no período do PT seriam os “campeões” do BNDES. Só que na China essa iniciativa deu certo e o complexo vem faturando por ano mais de 200 bilhões de Yuans ou 28,6 bilhões de dólares. Tornou-se um centro de bioindústria de classe mundial.
Por isso não dá para acreditar que este portentoso centro de pesquisas biológicas e indústrias do setor – são de Wuhan as máscaras cirúrgicas usadas por aqui – perdeu a parada para sopa do morcego contaminado. Desde dezembro de 2019, quando foram detectados os primeiros casos do Corona em Wuhan, até agora, o Bio Lake não apresentou solução para o problema. Pelo menos não publicamente.
À parte da questão do Corona, há também desconfiança da atitude da China em outras epidemias de gripe difundidas para mundo. Depois desses surtos, o PIB chinês cresceu e manteve-se estável até o ano passado, em torno de 6,9% de crescimento anual.
Dessa vez, talvez poucos analistas financeiros identificaram no início de fevereiro deste ano a movimentação do Banco Central da China (PboC) para reduzir as taxas de juros de operações de recompra de ações (as Repo). Ao mesmo tempo em que injetava grande volume de dinheiro no sistema bancário provendo liquidez à sua economia em meio ao surto do Corona.
As reservas internacionais chinesas calculadas hoje em pouco mais de 3 trilhões de dólares permitiram o ataque ao mercado mundial de ações na recompra de seus títulos em mãos estrangeiras por um preço mais conta por causa do pânica global com o Corona Vírus. Ou seja, as operações Repo deram um bom resultado, como apontaram alguns sites econômicos.
Agora é a vez do Brasil enfrentar o surto da Covid 19, gripe provocada pelo Coronavírus. As medidas preventivas estão sendo tomadas para não ampliar o contágio e internações. Mas a contaminação, segundo o ministro da Saúde (ou seria da Doença), Luiz Henrique Mandetta, crescerá a um determinado número de infectados, alcançando um pico e que depois irá decrescendo até o vírus se tornar inócuo. Isto em teoria, pois ninguém sabe como o Corona realmente se comportará.
Se Mandetta se garante no seu setor, a economia brasileira será afetada gradualmente, dependendo da duração do surto, acredita o ministro da Economia, Paulo Guedes. Quando tudo terminar teremos um novo paradigma: recuperar o que foi perdido e pensar em crescimento econômico.
A decretação ontem pelo Congresso, a pedido da administração Bolsonaro, de “Estado de Calamidade Pública” para enfrentar os efeitos da gripe alivia o Governo Federal. Ele pode usar agora mecanismos orçamentários para dar suporte as demandas do país, tanto na área de saúde, quanto na economia, não permitindo a sua paralisação.
Antes disso, o país viveu o dilema: salvar vidas ou paralisar a economia. Felizmente não foi preciso chegar a um ponto de decisão. A questão da Saúde está bem encaminhada e a esfera econômica já sabe o que fazer. É isso.
*Integrante da Cooperativa de Jornalistas de Pernambuco
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