*Pedro Tinôco
Nem sempre inovar, ousar, ser diferente e marcante é fácil. Aliás, definitivamente, não é. Para o senso médio, a maioria dos seres humanos nesta terra, às vezes é difícil raciocinar, ler entrelinhas e compreender questões com uma visão global, contextualizada. Melhor e mais cômodo mesmo é simplesmente repetir o que todo mundo fala; julgar, condenar e massacrar pessoas e instituições via redes sociais – o mais novo Tribunal de Exceção do Mundo Moderno. Nesta semana a vítima da vez foi um brilhante professor de História do Colégio Santa Emília (Cordeiro), “punido” por fazer de suas aulas uma experiência marcante para seus alunos.
Mas qual foi mesmo o “crime” do mestre? ? ?
Trocar as enfadonhas aulas de história onde predominam a velha prática de “decorar datas, personagens e locais” por uma didática que permite ao aluno ingressar de maneira imaginária no ambiente do tema a ser explorado. Sai o “decoreba”. Entra uma experiência sensorial.
Falando a respeito de “Regimes Totalitários” o professor ilustrou sua aula com bandeiras com a suástica, exibiu filmes e se caracterizou como o ditador Adolf Hitler. A experiência foi tão natural que a própria escola publicou fotos em sua página no Facebook. Foi o suficiente para ser iniciada mais uma inútil polêmica no vasto e incontrolável mundo da internet.
IMBECIS – Pouco antes de falecer, no ano passado, o escritor e filósofo italiano Umberto Eco disse: ”As redes sociais deram voz a uma “legião de imbecis”. Antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
Estava certíssimo.
Antes de escrever este artigo pesquisei sobre o assunto no Google e entre tantas matérias uma trazia uma manchete estúpida: COLÉGIO DO RECIFE CHOCA O MUNDO AO FAZER AULA COM TEMÁTICA NAZISTA. Ora, chocado fiquei eu com tamanha asneira e com a grande mentira, pois o “mundo” não tomou conhecimento do fato, nem tão pouco ficou “chocado”.
Gostaria de dizer ao professor que sinto muito não ter estudado com ele. Em minhas aulas de História, nos anos 80, a gente tinha que ler e decorar fichas, resumos e capítulos de livros que logo após as provas eram simplesmente deletados de nossas mentes.
Se tive alguma aula sobre o Nazismo não lembro. Como não lembro de nenhum outro assunto abordado desta maneira arcaica em sala de aula. Bom mesmo deve ser assistir uma aula onde a gente consegue vivenciar a temática apresentada pelo professor. Isto sim é fascinante.
À escola é preciso dizer que não deve se intimidar com reações que são fruto das trevas da ignorância e hipocrisia, essas sim duas características nazistas. Nenhum personagem da história foi mais cínico e dissimulado que Hitler.
Não recue escola.
Pais que querem o melhor para seus filhos continuarão apoiando a instituição, pois está claro que em nenhum momento o professor fez qualquer apologia ao regime nazista, mas colocou “luz” na escuridão. E isso às vezes incomoda. Muito.
Professor, parabéns por deixar de lado a velha e inútil pedagogia “decoreba”. Siga em frente. Serás sempre lembrado e amado por teus alunos. E é só isto que importa.
Críticos da escola e do professor, ativistas de internet, ignorantes de maneira geral:
Vão estudar e deixem que as próximas gerações sejam melhores, mais criativas!!! Não atrapalhem um trabalho sério. Depois disso é bem possível que vocês descubram que Adolf Hitler não era alemão, mas nasceu na Áustria.
Viva a luz do conhecimento crítico!!! Abaixo a ignorância das trevas!!!
- Não conheço o professor nem nenhum outro membro da escola.
*Pedro Tinôco
Editor do Observatório de Olinda