Vejo com grande estranheza as declarações do vereador Márcio Barbosa ao blog Observatório de Olinda sobre sua expulsão das fileiras do PCdoB.
Em primeiro lugar, é necessário fazer um histórico que endossa a acusação de que o vereador não cumpre fidelidade partidária aos partidos no qual se filia. Nas ultimas cinco eleições o referido vereador foi filiado a quatro partidos diferentes: PTdoB (2000), PP (2004), PTB (2008) PTdoB novamente (2012), nesta ocasião o mesmo foi julgado e condenado com a perda de seu mandato em Dezembro de 2016 por infidelidade partidária, o que só não ocorreu pelo fato da decisão só haver chegado à câmara após o período de recesso. Em Janeiro do ano seguinte, o mesmo havia sido reeleito para o mandato 2017-2020 desta vez pelo PCdoB. Todo este histórico mostra que o vereador Márcio Barbosa utiliza-se das legendas para concorrer ao pleito e, em seguida alça voo solo como se não devesse seguir as orientações partidárias.
As infrações cometidas por Barbosa no Partido Comunista iniciaram-se já no segundo turno das eleições de 2016 quando ele fez campanha aberta ao então candidato Antônio Campos, fato testemunhado por várias pessoas dentro e fora do partido, descumprindo a resolução 001/16, aprovada em reunião do comitê municipal, onde inclusive o vereador se fez presente, na condição de convidado, onde o PCdoB aprovou a postura de neutralidade em relação ao pleito. Ao tomar decisão contrária a resolução, Márcio sequer dialogou com o partido para apresentar argumentos que justificassem tal postura.
Após o segundo turno, o partido aprovou a resolução 002/16, que decidiu pelo apoio ao camarada Marcelo Soares à presidência da Câmara de Vereadores de Olinda. Descumprindo mais uma vez a deliberação do partido, Márcio Barbosa não votou em nosso camarada Marcelo que perdeu a eleição à presidência da Câmara por 01 voto, justo o do então camarada que votou contrariamente e se tornou 1º vice-presidente, uma postura clara de infidelidade partidária para atender aos seus desejos pessoais.
Em 2018, o Comitê Estadual do PCdoB em Pernambuco aprovou a resolução em sua conferência eleitoral pelo apoio a chapa Paulo Câmara e Luciana Santos para Governador e Vice-Governadora respectivamente; Humberto Costa e Jarbas Vasconcelos para Senadores; Renildo Calheiros para Deputado Federal; e uma chapa própria com mais de 60 candidatos para Deputados Estaduais. A resolução dizia ainda que qualquer militante ou filiado que descumprisse esta resolução estaria sujeito à sansões disciplinares. Mais uma vez o vereador Márcio Barbosa descumpriu uma resolução partidária sem nenhum diálogo com o partido, tendo inclusive, em uma sessão recente na Câmara de Vereadores admitido voto na senhora Cláudia Cordeiro, primeira-dama do município e candidata pelo Solidariedade a Deputada Estadual em 2018, fato este que foi filmado e viralizado nas redes sociais.
Todas estas atitudes provocaram a abertura do processo disciplinar no qual ocasionou a expulsão do vereador.
Ainda sobre a matéria do Observatório de Olinda, nos causa profunda indignação a tentativa do vereador de atribuir a sua expulsão ao crime de racismo, algo extremamente repudiado por nosso partido. Somos um partido de 97 anos de atividade em defesa dos trabalhadores e do povo brasileiro. Em nossa história tivemos diversos dirigentes negros que muito nos orgulham de terem figurado em nossas fileiras. Somos um partido que, atualmente é dirigido pela Camarada Luciana Santos, mulher, negra, Prefeita de Olinda e Deputada Federal por dois mandatos, presidenta nacional de nossa legenda e Vice-Governadora do estado de Pernambuco. No movimento social temos destaque para nossas lideranças negras que dirigem entidades importantes. Foram os comunistas que em julho de 1988 fundaram a União de Negras e Negros pela Igualdade – UNEGRO, entidade voltada à luta antirracista e que hoje atua em mais de 20 estados e no DF.
Essas referências mostram que o partido não só aceita negras e negros em suas fileiras, como os colocam em espaços de poder e realizam uma luta incessante contra o racismo. Vale salientar também que a Comissão de Controle que elaborou o parecer pela expulsão do vereador é composta pelo camarada Wellington Lima, membro da direção municipal e estadual do partido, presidente estadual da UNEGRO e Conselheiro Estadual de Promoção da Igualdade Racial em Pernambuco, nesta feita sendo o presidente desta comissão, além da camarada Laudijane Domingos, mulher negra de origem periférica, também membro dos comitês municipal e estadual do PCdoB e como uma grande liderança dos movimentos sociais, presidenta da União Brasileira de Mulheres; e Sidney Mamede, pardo, de origem periférica que foi Chefe de Gabinete do prefeito Renildo Calheiros. Como uma comissão com esta representatividade pode ser acusada de racismo? Com certeza o vereador em ato de desespero sequer se deu conta das pessoas na qual estava incriminando com estas acusações levianas.
Por fim reitero que o processo seguiu todos os ritos previstos no estatuto do partido, que o mesmo teve amplo direito de defesa e só apresentou a defesa escrita, sem nenhum fundamento mais conciso e abdicou, ao não participar da reunião do último dia 07 de agosto, na qual foi convocado por meio de ofício devidamente protocolado, para fazer uso de sua defesa oral e apresentação de testemunhas.
É importante salientar que todos estes fatos estão documentados assim como todas as atas, resoluções e ofícios sobre o processo.
Olinda, 16 de Agosto de 2019.
Wellington Lima Pereira
Secretário de Organização do PCdoB em Olinda
Presidente da União da Unegro-PE
Presidente da Comissão de Controle