O Brasil, muitas vezes ainda visto pelo resto do mundo como um lugar de estilo de vida “anárquico-tropical” – onde impera a permissividade e a absoluta desobediência às regras civilizatórias de convivência – vez por outra se depara com situações como a que vimos no Sítio Histórico de Olinda, quando, sem qualquer cerimônia, a empresa escocesa de uísque Passport Scotch entrou na área tombada e grafitou muro da casa vizinha à sede da Prefeitura de Olinda.

A “obra” é uma “ação promocional” da marca de uísque em conjunto com o artista plástico Arlin Graff (foto ao lado), brasileiro que mora nos Estados Unidos. A intervenção, entretanto, chocou os moradores da Cidade Alta e o Conselho de Preservação do Sítio Histórico denunciou a agressão ao patrimônio tombado.
A Prefeitura de Olinda, na sua costumeira lentidão para tomar decisões que protejam a cidade, informou que “solicitou a paralisação da obra”. Errou. Pois, ao invés de, praticamente, pedir por favor para que o crime fosse interrompido, deveria ter usado de autoridade para agir energicamente e interditar a “obra” de imediato.
INVASOR – Diante da “ineficiência tartarugal” da Prefeitura de Olinda, coube à sociedade civil organizada tomar a frente da defesa do patrimônio histórico. Moradores e o Conselho de Preservação do Sítio Histórico provocaram a prefeitura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a imprensa na guerra contra o invasor escocês.
“Aqui não é ‘casa de mãe joana‘ não. Por que ao invés de pichar o Sítio Histórico eles não foram grafitar um mural em áreas degradadas de Peixinhos, Rio Doce ou Jardim Brasil??”, questionou o estudante de direito Dagoberto Triano.
É. Parece que o uísque era paraguaio. Tá dando uma dor de cabeça triste. . . .