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CAPELA DO SEMINÁRIO DE OLINDA SERÁ RESTAURADA

Um dos mais antigos monumentos de Olinda vai começar a passar por restauração, a partir da próxima terça-feira (26), quando o o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, vai assinar o contrato para intervenções no piso e no forro da igreja de Nossa Senhora da Graça, localizada no Seminário de Olinda. O templo foi construído em 1551, pelo então governador da capitania de Pernambuco e fundador da Marim dos Caetés, Duarte Coelho. O trabalho vai custar aproximadamente R$ 1,5 milhão – recursos captados via Lei Rouanet.

O valor contempla o restauro da parte emergencial do piso e forro (térreo e primeiro andar) da capela e de parte da bedelagem do Seminário. Atualmente o Seminário encontra-se interditado por conta necessidade de obras de restauro e, desde 2015 suas atividades foram transferidas para o Centro Pastoral Arquidiocesano, no bairro da Várzea. O prazo para conclusão das obras é de 12 meses.

A Gestora de Projetos de Restauro e integrante da Comissão de Restauro da Arquidiocese, Tema Liége Souza Lôbo, informa que a Arquidiocese vai acompanhar a obra, com o apoio da Superintendência do Iphan/PE. Telma Liége adianta que há dois anos a Arquidiocese vem aguardando o repasse dos recursos e a expectativa é de que, após a reforma, a igreja volte a ficar aberta ao público, inclusive com celebração de missas.

HISTÓRIA – Imortalizada em uma das telas do pintor Frans Post, sob o título de “View of the Jesuit Church at Olinda, Brazil” (1665, óleo sobre tela, The Detroit Institute of Arts), a igreja de Nossa Senhora da Graça é uma das dez igrejas mais antigas do Brasil. O templo católico foi construído por Duarte Coelho, que posteriormente doou a igreja e as terras ao redor aos padres jesuítas, a fim de promover a catequese dos índios e edificar um colégio.

Em 1567, a primitiva igreja foi aumentada, graças a um auxílio anual que fora disponibilizado pelo rei Dom Sebastião de Portugal – o lugar ganhou então o status de Real Colégio de Olinda. Esse segundo projeto foi elaborado pelo padre jesuíta Francisco Dias, que, por sua vez, tinha sido um dos colaboradores de Filipo Terzi – um arquiteto levado de Roma para Lisboa.

As obras da nova igreja foram comandadas pelo padre Antônio Pires, que também era pedreiro e carpinteiro. O terreno ao redor do templo foi utilizado pelos jesuítas para aclimatar mudas de árvores frutíferas trazidas de outros continentes. Uma parte dessa grande área verde existe até hoje, tendo sido posteriormente transformada num jardim botânico.

O colégio cresceu e se tornou referência, até que, no ano de 1630 os holandeses desembarcaram em Olinda, trazendo a guerra para a cidade. Após terem-na conquistado, habitaram por um tempo no local, mas, irritados com a resistência armada promovida pelos moradores, promoveram um incêndio (1631) onde quase todas as casas, igrejas e conventos que lá existiam foram consumidos pelo fogo.

No entanto, a igreja da Graça e o colégio não sofreram muitos danos, de maneira que acabaram conservando seu aspecto primitivo pelos séculos seguintes. Segundo um estudo de Lucio Costa, o incêndio consumiu o altar-mor, o forro e o madeiramento da cobertura, sendo que a estrutura das paredes, bem como os dois altares laterais ficaram preservados.

Em 1759, o Marquês de Pombal baniu a Companhia de Jesus de todo o Reino de Portugal, e mandou fechar todos os colégios jesuítas do Brasil, bem como as residências e missões destinadas a catequizar os indígenas. Os motivos dessa discórdia foram principalmente conflitos dos padres com colonos: os jesuítas queriam catequizar e civilizar os índios, e os colonos queriam utilizá-los como mão de obra escrava. Assim, o colégio de Olinda foi fechado, e o prédio se transformou em seminário (para formar padres seculares – ou seja, sem vinculação com ordens religiosas).

No quesito arquitetônico e artístico, a igreja é rústica. O estilo mais próximo é o maneirista, que inclusive influenciou várias outras igrejas da região. Após a expulsão dos holandeses, mais de vinte anos depois, a igreja e o Colégio de Olinda passaram por uma outra restauração, entre 1661 e 1662 – quando foi acrescentada a torre. Foi ali, nessa época, que o padre Antônio Vieira lecionou Retórica para seus discípulos. A reforma mais recente no templo data dos anos 1970.

Serviço: Assinatura do Contrato de Restauro da parte emergencial da igreja Nossa Senhora da Graça e da bedelagem do Seminário Arquidiocesano de Olinda

Data: 26/06/18 (terça-feira)

Hora: 15h

Local: Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Graça (Seminário Maior)

Endereço: Rua Bispo Coutinho, s/n, Alto da Sé, Olinda, PE

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