Pedro Tinôco*
Nunca gostei da ideia de “cotas” nas universidades federais e estaduais para estudantes da rede pública de ensino. O que a princípio parece ser uma “ação afirmativa” para “correção das desigualdades sociais” é na verdade uma tremenda enganação. Uma balela muito mal contada. Engana-se o estudante – fazendo ele crer que é capaz; engana-se também a sociedade com a falácia de que “pobres alunos da escola pública agora terão acesso ao ensino superior das universidades federais”. Um engodo que, salvo raras exceções, o futuro se encarregará de mostrar que de nada valeu, pois o “falso atalho” ´só é conveniente aos governos populistas que fingem resolver problemas estruturais com mentiras como esta.
A academia não é para todo mundo, mas apenas para os melhores. Nem todos têm que entrar na universidade. Isto é fato. Sendo assim, o justo é que apenas os mais preparados sejam selecionados por sua real capacidade intelectual. E não pela na cor da pele ou considerando o lugar onde o candidato estudou. Colocar um incapaz na universidade para “fazer política” é um crime contra o pobre aluno, que apenas vai perder seu tempo, pois a realidade do mercado vai continuar a lhe excluir em função da sua incompetência.
O caminho verdadeiro – e árduo – para mudar a realidade social não passa pelas “cotas”, mas pela preparação real dos estudantes para que os mesmos sejam aprovados concorrendo em igualdade com qualquer outro candidato, seja ele branco, negro, índio, oriental ou o quer que seja. O aluno terá o orgulho de dizer que passou no vestibular porque soube fazer a prova, e não porque algum pseudo pedagogo inventou um sistema para que ele tenha uma “vantagem” sobre os demais candidatos. São estas ideias terceiro-mundistas que só fazem o Brasil dar marcha ré.
ENSINA MAIS – Dentro desta perspectiva é que se torna elogiável o programa da Prefeitura intitulado “Ensina Mais Olinda”. A Secretaria de Educação informa que “estudantes do 9º ano da rede municipal participarão de aulas intensivas de matemática e português para concorrer às seleções das Escolas Técnicas Estaduais (ETE’s) e do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Seis turmas terão aulas todos os sábados até o mês de novembro. Os professores são todos da rede municipal e foram selecionados a partir de análise de currículo e entrevista”.
Cerca 250 estudantes se matricularam no preparatório e receberam cadernos, canetas e apostilas contendo provas dos últimos anos do IFPE, além de uma camisa do curso. O estudante Antoni Miguel, 14 anos, do 9º ano da Escola Cel. José Domingos, em Ouro Preto, acha boa a iniciativa que estimula os alunos a conquistarem os objetivos profissionais. “Me sinto muito feliz. É um projeto muito legal e espero que o Ensina Mais Olinda sirva de exemplo para outros municípios”, conta o aluno.
Acertadamente o projeto orienta os estudantes sobre as provas dos últimos nove anos do IFPE, com aprofundamento de conteúdos abordados em cada item do teste, além da realização de simulados, palestras motivacionais, palestras sobre diversas profissões e oficinas de leitura. Beleza!!!
O projeto traz dignidade para os estudantes da rede pública, que não precisam de um “jeitinho brasileiro” para entrar nas universidades, mas apenas de educação de qualidade e o estímulo para conquistar seus objetivos sem a mentira das famigeradas cotas.
Isto se chama meritocracia. Faz bem à alma. Engrandece o ser humano. Lhe faz andar de cabeça erguida porque não precisou do “favor” de ninguém. Parabéns Prefeitura de Olinda por não ter escolhido o “caminho mais fácil”!!!
*Jornalista profissional e editor do Observatório de Olinda